terça-feira, 29 de novembro de 2011

Alguma Literatura 6

De todos os sonetinhos que o Vinicius de Moraes fez, esse é o único que me agrada. Agradar não é exatamente o adjetivo que define porque, de fato, eu gosto dele, sempre gostei, a diferença é que antes eu apreciava-o, agora me identifico.


Soneto da devoção
Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.


Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.


Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.


Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez... — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

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