quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sobre estruturalismo, pós estruturalismo e desconstrução

Só algumas ideias...
O estruturalismo literário surgiu, na década de 1960, com o intuito de aplicar os métodos e interpretações de Saussure, fundador da Lingüística estrutural moderna, à literatura. O estruturalismo, como já se pode notar através da própria palavra, atem-se às estruturas ou, ainda, ao exame das leis gerais que regem o funcionamento dessas estruturas, e sua aplicação à literatura requer um distanciamento da obra literária de questões não-literárias, ou seja, extra-textuais. Em outras palavras, a literatura não poderia deixar-se influenciar por questões que estivessem fora da “estrutura”, que seria a própria obra literária
O Estruturalismo se baseou inicialmente nas ideias de Saussure; o linguista considerava o signo como arbitrário e não relacionado ao conceito, ao significado a que se referia. Pela forma que uma sociedade em particular utiliza a linguagem e os sinais, o significado era constituído de um sistema de “diferenças” entre as unidades da língua. Significados particulares causavam menos interesse do que as estruturas subjacentes de significação, que tornavam o próprio significado possível, frequentemente expresso como uma ênfase da linguagem. O Estruturalismo seria uma metalinguagem, uma espécie de linguagem sobre linguagens, que seria utilizada para decodificar línguas existentes, ou sistemas de significação. O estruturalismo é uma atividade, sucessão de uma certa quantidade de operações mentais. Partindo desse princípio, é possível falar em atividade estruturalista, cujo objetivo seria reconstituir um objeto de estudo. Por estrutura entende-se um sistema abstrato em que seus elementos são interdependentes e que permite, observando-se os fatos e relacionando diferenças, descrevê-los em sua ordenação e dinamismo. É um método que contraria o empirismo, que vê a realidade como sendo constituída de fatos isolados. Para o estruturalismo, ao contrário, não existem fatos isolados, mas partes de um todo maior. Assim, compreende-se que alguns fenômenos podem ser explicados não pelo que deixam à mostra, mas por uma estrutura subjacente; os fatos possuem uma relação interna, de tal forma que não podem ser entendidos isoladamente, mas apenas em relação aos seus pares antagônicos.
Por outro lado, há o pós-estruturalismo, que aponta para um dialogismo existente entre diferentes obras literárias, o que implica na não-existência de um texto literário “autêntico” ou “original”, pois todos os textos literários seriam tecidos a partir de outros textos literários, no sentido de que um texto influenciaria um outro. Toda literatura será, dentro dessa perspectiva, intertextual. E a teoria pós-estruturalista aponta para algo mais: tal intertextualidade se dará na mente do leitor e não no autor, pois será o leitor que dialogará com o texto que lhe é apresentado, estabelecendo relações com suas leituras prévias e, assim, concretizando mentalmente a polissemia do texto literário, portanto, aqui o leitor exerce um papel fundamental na própria existência da obra literária.
Segundo Roland Barthes, há algo que marcaria fundamentalmente a diferença entre o estruturalismo e o pós-estruturalismo: o primeiro focalizaria a “obra”, enquanto que o segundo focalizaria o “texto”. O pós-estruturalismo aplica uma teoria da desconstrução na análise literária, liberando o texto para uma pluralidade de sentidos. A realidade é considerada como uma construção social e subjetiva. Em contraste com o estruturalismo, que afirma a independência e superioridade do significante em relação ao significado, os pós-estruturalistas veem o significante e o significado como inseparáveis. A desconstrução é um termo proposto pelo filósofo francês Jacques Derrida para um método (ou processo) de análise crítico-filosófica, incluindo a crítica de certos conceitos (o significado e o significante; o sensível e o inteligível; a origem do ser; a presença do centro; o logos, etc.) que tal tradição havia imposto como estáveis.
Do ponto de vista da análise textual, a desconstrução tornou-se sinônima de leitura “fechada” de um texto (literário, filosófico, psicanalítico, linguístico ou antropológico) de forma a revelar as suas incompatibilidades e ambiguidades retóricas, demonstrando que é o próprio texto que as assimila e dissimula. A desconstrução é uma crítica ao estruturalismo. Se o estruturalismo pretendia construir um sistema lógico de relações que governaria todos os elementos de um texto, a desconstrução pretendia ser uma crítica do estruturalismo, que não passava apenas de um dos episódios da tradição metafísica ocidental que merecia ser revisto. A desconstrução foi enquadrada no chamado pós-estruturalismo, primeiro movimento de auto-crítica e depois movimento de ruptura com o estruturalismo, e divulgou-se de forma mais insistente nos meios universitários norte-americanos, onde conheceu amplos debates nas décadas de setenta e oitenta, sobretudo.
Desconstruir um texto é fazer com que as suas palavras subvertam as próprias suposições desse texto, reconstituindo os movimentos paradoxais dentro da sua própria linguagem. Derrida fez repensar de que forma a linguagem opera. Desconjuntando os valores de verdade, significado inequívoco e presença, a desconstrução aponta para a possibilidade de escrever não mais como representação de qualquer coisa, mas como a infinitude do seu próprio “jogo”. Desconstruir um texto não é procurar o seu sentido, mas seguir os trilhos em que a escrita ao mesmo tempo se estabelece e transgride os seus próprios termos, produzindo então um desvio [dérive] assemântico de différance. Todo o signo só significa na medida em que se opõe a outro signo, por isso se pode dizer que é essa condição da linguagem que constantemente diferencia e adia os seus componentes, que concede significância ao signo. Estas teses foram consolidadas por Roland Barthes, e sua teoria aproxima-se da de Derrida: a leitura crítica de um texto literário não objetiva um sentido único, mas a descoberta da sua pluralidade de sentidos.
Concordo com Derrida, em sua perspectiva da desconstrução, e em sua ideia de que o estruturalismo é apenas uma metodologia, e que ele não pode se impor como uma verdade sobre a interpretação do texto, sobre a forma do texto, pois penso que não é que as interpretações sejam infinitas, mas que os contextos sejam. Um texto não se define apenas pela sua forma, até porque o que adianta um texto que já foi escrito, que adianta um livro na estante? Um texto se define não só pela sua infinidade de interpretações, mas, principalmente pela sua infinidade de conceitos.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Oswald de Andrade

Os ombros suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossege
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Reflita

Tu já parou pra pensar porque eu sou a única que sofre com os teus problemas, mesmo eu não tendo nada a ver com eles?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Juro que eu paro um pouco com isso.

É só porque eu me emociono (ainda, e pra sempre) em pensar que verei ao vivo esse sorriso:


Chego a suspirar e sorrir junto... é muito amor.
Prometo mesmo, que esse é o último post relacionado ao show do Foo Fighters.
(ao menos por enquanto...)